TODAS AS IMAGENS DE ARQUIVO PESSOAL

sábado, 13 de julho de 2013

convivência


nasci Rio
desafio
mar ser
mas como se
quando Rio rio a fio
correntes de água de alegria

por um longo caminho
fui Rio
o curso percorri
feliz, como ri

fim de rio é início de mar
enfim o mar e lá
tanto outros rios
diferentes rios
desejando Mar ser
mas como ser deixando de Ser

ser mar é
lágrima a desaguar agonia
desvio de lá
sou Rio, morrerei rio

terça-feira, 9 de julho de 2013

canção à amizade



a tristeza que aflora em mim não tem abrigo
por ser agora todos os meus dias de risos
no rumo que sigo por hora está escrito
arvoro e frutifico pelo amor aos amigos

o significado de amizade alguém tem iDEIA?
o gosto doce de ser, sê-la de LIMA?

dora diante os meus dias serão enriquecidos
pelo amor fraterno que em mim aflora
por ver no outro a irmandade que forja
ser nata do pai, do espírito e do filho

o significado de amizade alguém tem iDEIA?
o gosto doce de ser, sê-la de LIMA?

todos os meus dias são dias de lua e sol
dias de todos os céus, de todas as estrelas possíveis
pela possibilidade de ser, possível ser as coisas só
por estar entre verdadeiros bons amigos

o significado de amizade alguém tem iDEIA?
o gosto doce de ser, sê-la de LIMA?

muitos veem a vida como versos sem rima
eu também via, mas agora sigo outra via
semeio amigos em demasia e colho poesia
ad infinitum, faço da minha vida um jardim perfumado


Homenagem a duas irmãs de alma, Célia de LIMA e DEIA Tolda




quinta-feira, 4 de julho de 2013

incognoscível


sem forma física
para me saber
saiba pelo anímico
incompleto, mas não vazio
inconcreto, mas não abstrato
decerto sou o que é a poesia
e cada um de mim
são diversos eus dispersos
à espera do próximo verso
de um poema incognoscível

sexta-feira, 28 de junho de 2013

c ou não c



como sou:
como saber?
como ser
comecei a me
conhecer.

como sei?
começou
como sou,
como ser,
começarei.

comecei assim,
como?
como o ser
como fim,
comecei enfim...

terça-feira, 25 de junho de 2013

(h)a-pena-s



           



                     apenas a dor não me pena
         tinta para muitas penas
            implume não voa, sangra apenas

sábado, 22 de junho de 2013

início e fim



se o início está na morte
fosse da faca o gume
da arma o chumbo
da alma a fome
do que se sacia
por fantasia, a fé
da morte a via
da sacra poesia, o lume
fosse heresia
da religião venda
na visão do irmão
e pelo que se cega
fosse luz na caverna
para quem da liberdade
faz prisão, fosse tudo
e ao se perder no nada
fosse grade
o não existir é a prisão do ser
por ser crente no que vê
e o que se é
o é quando finda
pois o fim sempre é início


domingo, 19 de maio de 2013

Canção para Mari VIII

se houver de olhar para o céu
e estrelas lá não houver
há de haver um céu
cujo brilho seja reflexo
da estrela que há em você
se houver de olhar para o chão
nenhum rastro ou trilha
a um caminho me levar
há de haver um caminho
cujo sinais me leva a você
não importa o plano
terreno ou astral
a vida somente tem significado
se  estiver ao meu lado
posto que o amor
que em mim há
há de haver sentido
se sentido por você for

sexta-feira, 29 de março de 2013

revelação



me falta poesia para expressar o que sinto
o amor que sei se revela em sua geometria
me sou por inteiro se a grafia me dizer amando-a
significando os sentimentos no papel impresso
mapeando-me em torno de sua geografia
me rendo e aqui me revelo:
não me prendo em seu olhar e
nem tampouco de mim me perco
certo é que não são pelos olhos meus
ao percorrer o seu corpo que eu me acho
acho-me demasiadamente perdido
entre vontades e desejos
quando da sua pele
os aromas fluem como se flores fossem
os lençóis ainda não desfeitos
esperam revelar pelo suor do meu corpo
o amor que em mim desperta

quarta-feira, 6 de março de 2013

canção para Evelyn








para encontrar com Deus
não preciso jogar os braços pro céu
não preciso acreditar no que vejo
nem professar a minha fé em uma igreja

para encontrar com Deus
não preciso dobrar os joelhos meus
necessito acreditar no que sinto
na Igreja que habita o meu íntimo

para encontrar com Deus
bastar amar você e você a mim também
Deus é Pai, Deus é Mãe
Deus é bem

para encontrar com Deus
amo a todos com a mesma intensidade
Deus é Filho, Deus é Filha
Deus é bondade

para encontrar com Deus
apenas ame não importa quem seja
Deus é Espírito
semente do amor que viceja

para encontrar com Deus
é só amar sem amar só
Deus encontra-se em nós
do amor o Verbo é a Sua voz

para encontrar com Deus
Deus é Luz e está acesso em mim
Deus é Luz e está acesso em você
Deus é Luz e está acesso em todos nós

para encontrar com Deus
filha, ilumine-se
faz deste Verbo a tua voz
ame a todos como ama a vos


quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Verbo



o amor a dois
é o exercício de Deus em nós
reduzi-lo a superfície
subtraí-lo ao físico
é diminuir o Deus intrínseco
é não dar ao amor a Sua voz
enfim, é regá-Lo ao depois

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Pronome








As palavras que lhe falta
As tenho em abundância
E por ter tantas
Apenas uma me basta:
Amo-te
E não é engano
Muito menos um erro
Ano a ano
Meu coração tem uma dona
Sei, ainda é cedo
Espero
Enquanto isso
A vida se resume em um pronome:
Você


terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Sobre minh'alma




Uma imensa tristeza cerceia minh’alma
Impermeabilizando-a para qualquer outro sentimento
O inútil corpo, coitado deste,
Veste d’alma, bebe da mesm’água

Os verbos os conjugo como me aprovem
O amar só no passado me convém
Reflexo por ter sido posto no corpo errado
Que verbo me resta: matar-me. Tempo futuro presente seja

Fios dispersos de dores passadas
A minh’alma chicoteiam, deixam feridas sem cura
Fios constantes de dores presentes
A minh’alma, inerte, não deixa ponto de fuga

O gume da navalha que tanto fascina
A alma desesperançada prazerosamente passeia
Presa na dor que demasiadamente a verga
A alma pediu ao corpo, no tempo certo, o seu verbo


Alma de bengala branca, cega
Não entende que o corpo apela
O corpo que tudo enxerga
Não entende, cega, a alma tudo revela


                                                     setembro de 2006